terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A mística do som e a correnteza da consciência



  A Transmissão e o ensino da Música e a espiritualidade sempre traçaram um caminho em sincronia através de uma rica coexistencia na arte e no desenvolvimento pessoal do ser humano.Seu ensino,antes de um conceito puramente teórico, técnico e impessoal,era um caminho existencial,uma filosofia viva e disciplina diária,uma rota completamente única entre o ego e a essência, a racionalização e a intuição,a consciência e a arte,criando e transformando aqueles que a vivenciam para sempre.Nas culturas milenares antigas,a Música e os estudos do som eram de grande importância e teor místico,e afetavam diretamente a filosofia pessoal,cultural e religiosa de suas sociedades.O caminho musical, seu estudo e erudição eram considerados essencialmente espirituais e existenciais,tendo sua ciência e sua manifestação grande importância na harmonização, criação, manutenção e equilíbrio dessas antigas civilizações.



Na civilização Védica da Índia arcaica,a música e sua mística transcendente vem de uma corrente antiga de ensino e possuía qualidades sagradas e devocionais.No Rigveda,livro mais antigo e sagrado dos Vedas,datado de mais de quatro mil anos,há  uma relação profunda entre som e consciência,um conceito primitivo da espiritualidade hindu:Nada Brahma.Nada é o som,a vibração primordial,a correnteza da essência;Brahma é a criação,o cosmo vivo, o crescimento e a própria energia viva da consciência, representado também como o Deus hindu da Trimurti Indiana,
juntamente com Vishnu e Shiva. Nada Brahma então, entre seus muitos significados, e a corrente da consciência. um conceito extremamente antigo, existindo desde que nasceram as primeiras formas de linguagem. O Estudo da música clássica indiana,é antes de mais nada,um caminho espiritual,onde um guru transmite ao seu discípulo não apenas a arte da música e sua execução correta,mais o elucida num caminho espiritual único e profundo,sendo uma união de uma vida de estudos e aprendizados.



A antiga China,mundialmente conhecida por ter sido uma sociedade altamente avançada nas artes,medicina e filosofia, a música era um arte vasta e antiga,tanto quanto sua própria sociedade.
Para os antigos chineses, as notas de toda música continham uma essência de poder transcendente.
Uma peça musical era uma fórmula de energia.Cada trecho distinto de música desvendava e buscava o sagrado poder do som.
Cada composição exercia influências específicas sobre o homem, a civilização e o mundo.Seu poder espiritual possuía qualidades místicas particulares,e sua forma se manifestava não como apenas um conjunto de sons,mais uma força da natureza.Compreendiam os chineses que o poder da música era uma energia livre e criativa,o som dos cosmos,e que através de seu puro conhecimento e execução correta,possuía um latente poder de transformação, diretamente ligado ao equilíbrio universal.



Nos Dias de Hoje,a Ciência moderna conhece fatos científicos que exaltam as qualidades do Som como força criativa viva presente no coração da existência material,o que traça um paralelo direto com a antiga sabedoria dos mestres do oriente.As partículas do oxigénio,prótons e nêutrons possuem uma vibração na escala melódica maior;os talos de cereais "cantam" cada um sua própria canção,e que todas essas distintas canções dos milhões de talos de cereais ressoam num uníssono harmónico;o vento e o o oceano mudam de tonalidade conforme os dias...o mundo é som.
ele é som nos pulsares e na órbita dos planetas e na estrutura molecular no macro e no microcosmos. O fenómeno das vibrações estão presentes na maior parte das facetas da existência física e e espiritual, e tanto os antigos sábiosquanto os cientistas atestam sua latente força presente.
Sendo assim, seja qual estilo, etnia credo e propósito,a música vai além de um simples hobby, distração ou marketing, podendo ser uma potente força de crescimento e consciência espiritual para seus músicos e ouvintes.Hoje, é possível fazer um profundo resgate desse antigo conhecimento e anexa-lo a uma concepção musical moderna,criando assim uma nova abordagem e uma nova ferramenta de expressão e individualidade musical,um instrumento da alma.

  Texto por Ian Nain

Referências:

O poder oculto da música - David Tame
Nada Brahma - Joachim Ernst Berendt ,1983
Vedas and the cosmos - 1954
Music of ancient china- a guide to mystic
Grove Dictionary of Music and Musicians



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